Publicado originalmente em inglês em 9 de junho de 2025
Cerca de 2 mil pessoas, em grande parte jovens, participaram em 24 de maio do ato em Paris da organização morenista Révolution permanente (RP), a seção francesa da autoproclamada Fração Trotskista - Quarta Internacional (FT-QI), liderada pelo Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS) da Argentina [e cuja seção brasileira é o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), que publica o Esquerda Diário]. A grande participação refletiu a crescente indignação contra o genocídio em Gaza, a guerra e a extrema-direita. Porém, a conferência confirmou os avisos anteriores do Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI): foi um beco sem saída político.
O que falta à juventude e aos trabalhadores não é indignação, mas uma perspectiva revolucionária clara para interromper o mergulho do capitalismo em uma catástrofe. Apesar das invocações ao internacionalismo e ao socialismo, nenhuma perspectiva desse tipo surgiu na conferência. Sobre a luta política necessária para eliminar a influência do liberalismo, do stalinismo e das burocracias sindicais e abrir um caminho para a luta revolucionária da classe trabalhadora – isto é, o cerne da construção do partido trotskista revolucionário – muito pouco foi dito.
Isso está enraizado na história da FT-QI e sua oposição à defesa do trotskismo pelo CIQI. Ela surgiu da ruptura de Nahuel Moreno com o CIQI e com o trotskismo em 1963, visando construir partidos “centristas de esquerda” em aliança com o movimento burguês do general Juan Perón na Argentina e os revisionistas pablistas pró-stalinistas na Europa. A conferência se manteve em silêncio sobre os laços históricos do PTS com o peronismo e a participação de décadas da RP no Novo Partido Anticapitalista (NPA) pró-guerra na França.
Os oradores da FT-QI minimizaram seus vínculos com o establishment, dando a entender que isso não seria necessário para deter o fascismo, o genocídio e a guerra. A desilusão em massa com as políticas reacionárias do Partido Democrata nos EUA, os peronistas da Argentina e as forças stalinistas ou pablistas na França alimentou a ascensão eleitoral de Trump, do presidente argentino Javier Milei e de Marine Le Pen na França. Permanecendo em silêncio sobre quem deu à extrema-direita essa abertura, a FT-QI não pôde oferecer perspectiva alguma para combater sua ascensão.
Julia Wallace, do Left Voice (EUA), sobre Trump e o Partido Democrata
A primeira oradora da conferência foi Julia Wallace, membro da seção da FT-QI nos Estados Unidos, o Left Voice. Dirigente do sindicato SEIU e do movimento Black Lives Matter, ela atacou tanto Trump quanto frações do Partido Democrata que flertaram com referências ao socialismo enquanto trabalhavam para amarrar a juventude e os trabalhadores ao Partido Democrata. Wallace disse:
[Trump] é um capitalista bilionário que herdou sua riqueza de uma família que investiu nos nazistas. Trump é um misógino, um preconceituoso que chegou ao poder novamente por meio do preconceito, da anticiência, do medo… Democratas como Alexandria Ocasio-Cortez e Sanders estão tentando cooptar a resistência. Eles organizaram os ironicamente chamados atos Lutar contra a Oligarquia. Algumas dezenas de milhares de pessoas compareceram. Eles até criticaram levemente os Democratas por não combater Trump o suficiente. Mas tanto AOC quanto Sanders votaram a favor de dar mais dinheiro para o genocídio na Palestina.
Ela defendeu “um partido da classe trabalhadora que luta pelo socialismo”. Segundo Wallace, a alternativa são as fábricas de propriedade operária na Argentina apoiadas pelo PTS: “Vi o poder do trotskismo revolucionário na Argentina quando visitei as fábricas controladas pelos trabalhadores há 15 anos”.
Entretanto, esses vagos apelos ao socialismo não esclarecem quem realizará o socialismo, ou como. Toda a história da luta de classes mostra que isso não pode ser feito simplesmente votando em políticos autoproclamados socialistas para chegarem ao poder no Estado capitalista. É necessário que a classe trabalhadora conquiste o poder de Estado com base em suas próprias organizações políticas e sociais, como a Comuna de Paris fez em 1871 ou os sovietes na revolução de Outubro de 1917 na Rússia.
O trotskismo defende essa tradição revolucionária marxista-internacionalista não apenas contra forças burguesas, mas contra os descendentes das burocracias stalinistas que advogam o “socialismo em um só país” e que, em 1991, dissolveram a União Soviética e restauraram o capitalismo. O elogio de Wallace às fábricas de propriedade operária na Argentina como um exemplo de “trotskismo revolucionário” confunde essa questão-chave.
As fábricas operadas por trabalhadores na Argentina existem dentro da sociedade capitalista. Elas estão sujeitas à pressão dos preços e tarifas do mercado capitalista mundial e ao regime do Estado policial de extrema-direita de Milei. Tais fábricas podem deixar os fascistas nervosos, já que os trabalhadores podem corretamente concluir que os capitalistas não são necessários para administrar fábricas. Mas elevar tais fábricas como um exemplo de socialismo ou “trotskismo revolucionário” é falsificar tanto o socialismo quanto o trotskismo.
Enquanto condenava políticos democratas, Wallace fez repetidos acenos à política do Partido Democrata. Enfatizando o papel superior que ela alegou ser desempenhado pelos trabalhadores negros, ela disse:
Os negros são a potência da classe trabalhadora nos Estados Unidos. Desde a luta multirracial por direitos democráticos, o movimento dos direitos civis, até a combativa tradição revolucionária anti-imperialista negra, somos alguns dos setores mais combativos do proletariado.
Novamente, as questões reais começam onde as observações de Wallace terminam. A libertação dos trabalhadores negros emergirá da libertação socialista de todos os trabalhadores, ou dentro das instituições do Estado capitalista dos EUA que trabalham para dividir a população por raça, distribuindo cargos e privilégios a indivíduos selecionados com base em critérios raciais? Wallace não disse. Mas é precisamente para promover esse último tipo de política identitária burguesa que a Fundação Ford fez uma doação de US$100 milhões para financiar o Black Lives Matter.
A mistura de invocações ao internacionalismo socialista e concepções nacionalistas negras de Wallace retarda o crescimento da consciência socialista. Ao invés de armar trabalhadores e jovens para uma luta socialista irreconciliável contra as formas atualmente predominantes de política, promove a visão desorientadora de que essas políticas são compatíveis com o socialismo.
Sasha Yampolskaya sobre a guerra da OTAN-Rússia na Ucrânia
Sasha Yampolskaya, uma ativista transsexual russa e membro da RP, falou sobre sua chegada à França em 2018 e a guerra da OTAN contra a Rússia na Ucrânia. Ela descreveu por que ficou desiludida com a Rússia: “Primeiramente, houve os assassinatos de pessoas LGBT. Mas, em segundo lugar, e acima de tudo, houve o serviço militar obrigatório. Isso foi antes do início da guerra na Ucrânia. Mas a militarização já estava em toda parte.”
Yampolskaya criticou a indiscutível hipocrisia da propaganda de guerra da OTAN e dos EUA, com as potências imperialistas europeias afirmando estar lutando na Ucrânia para defender a liberdade e a democracia, enquanto também apoiam o genocídio do regime israelense em Gaza:
A indústria de defesa [francesa] está buscando matérias-primas, e a Ucrânia pode fornecê-las. À medida que buscamos separar os trabalhadores russos do chauvinismo de seu governo, é tão urgente entender que a autodeterminação da Ucrânia não pode surgir do apoio fornecido pela OTAN. Porque, além da questão das matérias-primas, os imperialismos ocidentais pressionaram várias vezes o governo ucraniano para baixar a idade de alistamento para continuar a guerra.
No entanto, os comentários de Yampolskaya apontam para a base limitada de sua oposição à OTAN e ao regime do presidente russo Vladimir Putin. A oposição à homofobia e à militarização da sociedade capitalista, na Rússia e internacionalmente, é, claro, legítima e necessária. Entretanto, elas por si só não fornecem uma base suficiente para uma luta trotskista contra a guerra na Ucrânia.
Tal luta é baseada na oposição revolucionária irreconciliável a todas as potências imperialistas, e também às cleptocracias capitalistas criadas pela dissolução stalinista da URSS. Nem o regime de Putin na Rússia, nem os regimes apoiados pela OTAN na Ucrânia ou em outras repúblicas ex-soviéticas têm um papel progressista a desempenhar. Eles são organicamente reacionários, chauvinistas e enraizados na usurpação do poder pelas burocracias stalinistas da classe trabalhadora na União Soviética.
À medida que as potências imperialistas tentam saquear a Eurásia, usando conflitos entre antigas repúblicas soviéticas como Rússia e Ucrânia, a única estratégia viável é transferir o poder de volta à classe trabalhadora em uma luta revolucionária internacional por toda a antiga União Soviética e Europa.
Apesar das críticas de Yampolskaya à OTAN, a RP não pode ser chamada de partido anti-imperialista. De 2009 a 2022, trabalhou dentro do NPA francês, que apoiava não apenas milícias islâmicas apoiadas pela OTAN na Síria, mas também as forças de extrema-direita que, em 2014, lideraram um golpe de Estado apoiado pela OTAN na Ucrânia, preparando o terreno para a guerra atual. Embora a RP tenha deixado o NPA em 2022, ainda permanece profundamente imersa em relações com as burocracias sindicais e partidos pró-guerra na França.
Elsa Marcel sobre o genocídio em Gaza
Elsa Marcel falou sobre a indignação generalizada sentida por amplos setores de trabalhadores e jovens internacionalmente contra o genocídio em Gaza. Advogada, Marcel defende o porta-voz da RP, Anasse Kazib, contra acusações reacionárias e falsas apresentadas pela polícia francesa de que Kazib é cúmplice de terrorismo devido às suas declarações em defesa dos palestinos em Gaza.
Gaza, ela observou, “provavelmente é o primeiro genocídio na história durante o qual as vítimas transmitem ao vivo seu massacre… [Nós] somos aqueles que nunca esquecerão que os governos da [Europa] são cúmplices desse massacre e que a História os julgará.” Ela defendeu que “uma resposta coletiva massiva é indispensável não apenas para a Palestina, mas também mais amplamente para evitar catástrofes.”
O que Marcel não abordou é como construir uma “resposta coletiva massiva” e que forma ela tomaria. Durante dois anos, aconteceram protestos em massa internacionalmente e chamados entre trabalhadores portuários e da logística por uma greve internacional para interromper o transporte de armas dos EUA e da Europa para Israel.
Se um movimento de massas capaz de interromper o genocídio não surgiu, isso se deve não à falta de indignação, mas à falência dos partidos burgueses, stalinistas e pablistas. Nos centros imperialistas, eles defenderam pressionar seus próprios governos imperialistas e burocracias sindicais para que agissem. Isso não deu em nada: previsivelmente, os governos imperialistas apoiaram o genocídio e as burocracias sindicais bloquearam greves mais amplas.
A política da FT-QI na França exemplificou sua incapacidade de montar uma oposição política principista ao genocídio em Gaza. A RP defendeu um “voto crítico” na Nova Frente Popular (NPF) formado no ano passado por Jean-Luc Mélenchon, que incluía partidos explicitamente pró-sionistas como o Partido Socialista (PS) burguês. A base da NPF, disse Mélenchon, era “jogar no rio” suas diferenças com o PS e seus aliados sobre o genocídio em Gaza. Defender um “voto crítico” em tal aliança é abandonar completamente a oposição principista ao genocídio.
Parar o genocídio em Gaza exige construir contra ele uma mobilização internacional de trabalhadores de base, independente das burocracias sindicais. No Oriente Médio, isso abre o caminho para a reviravolta revolucionária do inviável e reacionário sistema de Estados nacionais – cuja falência é exemplificada pelo genocídio israelense – e a construção dos Estados Socialistas Unidos do Oriente Médio. A base de tal luta é a oposição trotskista irreconciliável ao stalinismo e ao nacionalismo burguês que a FT-QI e a RP rejeitam.
Myriam Bregman do PTS: a aliança morenista com o peronismo
A seguir, a advogada Myriam Bregman do PTS argentino discutiu o regime repressivo de Milei. Bregman sozinha entre os oradores tentou abordar como é possível que a burguesia traga governos de extrema-direita ao poder.
Admitindo que os peronistas desmobilizaram e desmoralizaram os trabalhadores, ela disse:
[O peronismo] se recusa a confrontar a extrema-direita no único lugar onde ela pode ser derrotada. E isso também é muito sério, e a partir disso devemos tirar lições, já que o peronismo não é apenas o principal partido de oposição burguês. Ele também dirige a CGT [ou seja, a Confederação Geral do Trabalho], que não fez nada, absolutamente nada, todo esse tempo para que os trabalhadores pudessem se defender contra o governo de Javier Milei.
No papel, Bregman rejeitou os chamados à unidade com os peronistas contra Milei e a extrema-direita:
Por que não nos juntamos todos para lutar contra a extrema-direita? … Na Argentina isso já aconteceu, todos se uniram contra o governo de direita de Macri. Dirigentes sindicais, feministas, governadores da direita peronista, junto com aqueles que se dizem da esquerda peronista, se uniram aos progressistas, e você sabe o que aconteceu? Eles foram para o governo, realizaram políticas que amarguraram o povo porque implementaram políticas de ajuste estrutural e austeridade do Fundo Monetário Internacional, e Milei venceu.
Mas isso apenas levanta a questão: qual foi o papel do PTS nesse naufrágio político? Ele serviu como um leal crítico dos peronistas, marchando ao lado deles em protestos sociais e apresentando-se como a fração “radical” de um movimento liderado por peronistas. A retórica de algumas poucas frases sobre uma greve geral, que nem a CGT nem o PTS tentaram preparar, não perturbou suas relações com os peronistas. No final, as críticas de Bregman ao peronismo também expõem o próprio PTS.
Anasse Kazib e a política da burocracia sindical francesa
O último orador foi Anasse Kazib, porta-voz da RP e dirigente da federação ferroviária do sindicato pablista Solidariedade-União-Democracia (SUD). Ele disse: “Sou um ferroviário no centro de triagem em Le Bourget. Todos os dias, trens passam transportando mercadorias produzidas por proletários em todos os cantos do mundo. Eles e nós fazemos o mundo girar, e devemos lutar juntos”. Ele defendeu se opor ao nacionalismo, invocando o título do famoso artigo antiguerra de 1915 do marxista alemão Karl Liebknecht, “O Principal Inimigo Está em Casa!”
Kazib elogiou as delegações de dirigentes da central sindical CGT presentes na conferência. Ele disse que a diferença entre os membros de sindicatos de níveis inferiores e superiores é que os primeiros defendem os interesses dos trabalhadores, enquanto os últimos defendem os interesses franceses, junto com o Estado francês e as federações empresariais. Apontando para os dirigentes da CGT reunidos, Kazib exclamou:
Essa é a burocracia sindical! Esses são militantes valiosos, que sujam as mãos nas bases todos os dias para conseguir melhores salários e condições de trabalho. Mas organizações sindicais também incluem pessoas no topo que usam suas posições, que usam essas horas [que os militantes sindicais] se sujam nas bases, usam essa relação de forças para tentar se posicionar como protetores dos interesses franceses.
Qual é o significado disso, se se tenta traduzir da linguagem da adoração ingênua de Kazib pela burocracia para a linguagem do marxismo?
A burocracia recruta camadas de trabalhadores com ilusões nos sindicatos e os subordina à política imperialista elaborada em reuniões de autoridades do Estado francês, federações empresariais e altos dirigentes sindicais. As camadas inferiores da burocracia estão, naturalmente, permanentemente insatisfeitas com as traições dos escalões superiores em relação às greves, o que as desacredita perante outros trabalhadores. Kazib e outros dirigentes sindicais dentro da RP são, de fato, alguns dos burocratas insatisfeitos mais proeminentes da França.
No entanto, essa insatisfação não possui conteúdo progressista: apenas encoraja as antigas ilusões de que a ascensão de alguns burocratas individuais dentro da burocracia mudará suas políticas. Essas ilusões, no entanto, são invariavelmente frustradas.
Colocando de maneira direta, a RP está armando uma armadilha para os trabalhadores. Reconhecendo em palavras a falência da liderança sindical, ela se recusa a defender a organização independente da base. Reconhecendo em palavras o internacionalismo e a globalização da produção econômica, propõe que a luta de classes seja controlada por burocracias nacionais. Ela rejeita a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base, defendendo em vez disso que os dirigentes sindicais franceses construam uma “Rede para uma Greve Geral”.
Kazib concluiu pedindo aos participantes da conferência que se juntem à RP e o número membros aumente de 500 para 1.000: “Se amanhã disséssemos… que a Révolution permanente dobrou de tamanho e tem ainda mais jovens e trabalhadores em suas fileiras prontos para lutar para mudar o destino da humanidade, eu acho que realmente faríamos a burguesia surtar”.
Como os líderes políticos da burguesia francesa veem a RP? Embora indubitavelmente temam a revolta social explosiva na população, eles não “surtarão” apenas só de ver a RP.
Eles possuem décadas de experiência em usar renegados da classe média do trotskismo como ferramentas da política burguesa. Usaram não apenas o pró-guerra NPA, mas também a Organização Comunista Internacionalista (OCI) de Pierre Lambert, que rompeu com o CIQI em 1971 para se orientar ao PS ligado a grandes empresas. Os ex-membros da OCI incluem o ex-primeiro-ministro do PS Lionel Jospin e Mélenchon, cujo populista partido França Insubmissa (LFI) lidera a aliança do NFP com o PS, o PCF e o NPA.
O papel da RP nas principais lutas políticas na França desde que deixou o NPA indica que, em última análise, ele está sendo preparado para um papel semelhante.
Durante a luta contra a reforma da previdência de 2023, enquanto milhões entraram em greve e distúrbios eclodiram contra a imposição de cortes indesejados por Macron sem nem mesmo uma votação no parlamento, a RP disse que a situação “não era revolucionária”. Dois terços do povo francês apoiavam uma greve geral para derrubar Macron e seus cortes. No entanto, a RP disse que incentivar os trabalhadores a “fazer experiências com a democracia representativa burguesa” era “a única perspectiva democrática viável”.
Rejeitando o chamado do PES para derrubar Macron, alegou que a democracia emergiria não da luta da classe trabalhadora pelo socialismo, mas sob um regime burguês que governa contra o povo. A RP também apelou às direções sindicais para fornecer um “plano de luta” contra Macron. Ela assim se adaptou às burocracias sindicais que encerraram as greves após Macron declarar que seus cortes tinham virado lei.
Durante as eleições gerais de 2024, a RP defendeu um “voto crítico” em candidatos da NFP – mesmo quando a NFP endossava os candidatos de Macron. Macron atropelou os resultados das eleições, negando à NFP o direito de formar um governo e nomeando em vez disso seu próprio governo de direita. A RP não serviu como uma oposição revolucionária a Mélenchon, ao PS e à defesa que fizeram de Macron, mas como um satélite político da NFP, protegendo seu flanco esquerdo.
Declarações de internacionalismo e oposição ao genocídio e ao fascismo na conferência de Paris da RP não constituem uma ruptura de esquerda com esse histórico, muito menos uma rejeição trotskista dele. Evitando as questões-chave, elas dão à FT-QI uma renovada cobertura política enquanto permitem que continuem em seu caminho burocrático. Eles não são partidos trotskistas revolucionários, mas obstáculos à luta travada pelo CIQI para construir tais partidos na classe trabalhadora.
Leia mais
- A perspectiva falida do ato antiguerra de 24 de maio da morenista Révolution permanente em Paris
- Morenista Revolução Permanente apoia Nova Frente Popular na França enquanto se alia a Macron
- Coalizão argentina pseudoesquerdista FIT-U se junta a seção do governo peronista em “frente única”
- #Trotsky2020: uma calúnia morenista contra o legado de Leon Trotsky