Publicado originalmente em inglês em 14 de junho de 2025
Na noite de quinta-feira, sob a cobertura da escuridão, Israel lançou um massivo ataque aéreo e com mísseis contra o Irã, atingindo defesas aéreas, instalações nucleares, importantes autoridades militares e centros de comando.
Pelo menos 78 pessoas foram mortas e mais de 300 ficaram feridas no maior ataque ao Irã desde a Guerra Irã-Iraque da década de 1980. Israel assassinou seis cientistas nucleares e 20 oficiais militares de alta patente, incluindo o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã e o comandante-em-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica.
O World Socialist Web Site condena inequivocamente o ataque ilegal e não provocado de Israel ao Irã como um ato aberto de agressão imperialista. O regime israelense, cada vez mais descontrolado — já realizando um genocídio contra 2 milhões de pessoas em Gaza — agora provocou deliberadamente uma guerra com um país 10 vezes maior, ameaçando consequências catastróficas para toda a região.
A alegação de Israel de que atuou em “legítima defesa” contra um suposto programa nuclear iraniano é uma fraude absurda e clara. É amplamente conhecido que Israel possui armas nucleares, adquiridas em violação do direito internacional.
Antes do ataque, o Irã estava envolvido em negociações com a Casa Branca sobre seu programa nuclear. Nos dias que antecederam o ataque, todos os principais governos imperialistas — incluindo os Estados Unidos — fizeram declarações dizendo que se opunham a um ataque israelense ao Irã, pedindo, em vez disso, uma solução negociada.
Os Estados Unidos chegaram a anunciar uma nova rodada de negociações com o Irã no domingo, apenas algumas horas antes de Israel, com o conhecimento e conivência dos EUA, começar a bombardear Teerã com mísseis. Em um período de 24 horas, a Casa Branca passou de proclamar vocalmente que se opunha a um ataque israelense ao Irã para se gabar publicamente sobre isso.
Questionado pelo Wall Street Journal na sexta-feira se os EUA receberam um “aviso” sobre os ataques, o Presidente dos EUA, Donald Trump, respondeu: “Aviso? Não foi um aviso. Foi, sabemos o que está acontecendo.”
Na realidade, as chamadas “negociações” foram uma charada traiçoeira, destinadas a dar a Israel a oportunidade de matar líderes militares do Irã em suas casas. Entre os alvos mortos no ataque de quinta-feira à noite de Israel estava o principal negociador nuclear iraniano, Ali Shamkhani.
Citando oficiais dos EUA e israelenses, o Axios relatou na sexta-feira que “Trump e seus assessores estavam apenas fingindo se opor a um ataque israelense publicamente — e não expressaram oposição em privado. ‘Tivemos um sinal verde claro dos EUA’, afirmou uma fonte. O objetivo, segundo eles, era convencer o Irã de que nenhum ataque era iminente e garantir que iranianos na lista de alvos de Israel não se deslocassem para novos locais.”
O fato de que o Irã permitiu que uma parte significativa de sua liderança fosse morta — aparentemente enquanto estavam em residências civis vulneráveis a ataques com mísseis, mesmo enquanto a imprensa americana abertamente sinalizava um ataque israelense — é uma devastadora exposição da falência estratégica do regime iraniano. O regime depositou imensa confiança na boa fé do governo Trump. Ignorando e esquecendo tudo o que aconteceu, incluindo a autorização de Trump para o assassinato do General Suleimani em janeiro de 2020, os líderes iranianos estavam convencidos de que os Estados Unidos conteriam Israel enquanto as negociações estivessem pendentes. Eles caíram em um truque simples, como uma criança pegando doces de um estranho.
Mas há política por trás da surpreendente ingenuidade do regime iraniano. Aterrorizada por sua própria classe trabalhadora, a elite capitalista iraniana busca desesperadamente um acordo com as potências imperialistas, que demonstraram seu pleno compromisso com a destruição e subjugação do Irã.
O ataque de Israel ao Irã também expôs onde realmente se posicionam as potências imperialistas europeias, apesar de suas recentes críticas a aspectos do genocídio israelense em Gaza. O governo alemão anunciou que Netanyahu informara o chanceler Merz sobre o ataque planejado. Tanto os governos francês quanto alemão emitiram declarações afirmando o “direito de Israel de se defender” e condenando os ataques de retaliação por parte do Irã.
O ataque ao Irã é o resultado direto da longa batalha dos EUA e de Israel para criar um “novo Oriente Médio” sob dominação imperialista, intensificada após os eventos de 7 de outubro de 2023. Isso foi possibilitado pelo imenso apoio político, militar e de inteligência que Israel recebeu dos Estados Unidos por décadas, sob governos tanto democratas quanto republicanas.
O Pentágono e o exército israelense planejam há muito tempo e fazem simulações de um ataque ao Irã e ao seu programa nuclear — um ataque que Trump prometeu reiteradamente autorizar.
O imperialismo dos EUA nunca aceitou o resultado da Revolução Iraniana de 1979, que derrubou a ditadura do xá Mohammad Reza Pahlavi, um aliado americano chave no Oriente Médio. Washington apoiou o Iraque em sua brutal guerra contra o Irã durante a década de 1980. Mesmo ao voltar-se contra o Iraque — travando uma guerra em 1990–91 e o invadindo em 2003 —, a instalação de um regime alinhado aos EUA em Teerã permaneceu um objetivo central.
Hoje, o Irã está agrupado com a Rússia, a China e a Coreia do Norte como um grande obstáculo à hegemonia global dos EUA — que Washington está determinado a eliminar a qualquer custo.
O objetivo final desse ataque é a dominação imperialista do Oriente Médio — a região mais importante do mundo em termos de exportação de petróleo e lar de rotas comerciais críticas e pontos de estrangulamento estratégicos, incluindo o Golfo Pérsico. Ao subjugar o Irã, um aliado-chave tanto da Rússia quanto da China, os Estados Unidos pretendem fortalecer sua posição global em preparação para um confronto direto com seus principais rivais estratégicos.
A história mostrou que as guerras imperialistas levam a consequências imprevistas e catastróficas. Assim como a invasão do Iraque pelos EUA desencadeou uma catástrofe regional, também o fará o ataque de Israel ao Irã. O povo do Oriente Médio não permanecerá passivo enquanto seus países se tornam campos de batalha para a dominação imperialista.
A classe trabalhadora internacional deve responder construindo um movimento consciente contra a guerra imperialista e o sistema capitalista que a origina.
O World Socialist Web Site faz um chamado pela defesa do Irã contra a violência e a subjugação imperialistas. Mas isso não pode ser realizado através do apoio a qualquer governo burguês. Requer a mobilização independente da classe trabalhadora do Oriente Médio e do mundo todo, em oposição a todas as divisões étnicas, raciais e religiosas, com base em um programa socialista revolucionário.