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Ditadura, guerra e a luta para construir o Partido Socialista pela Igualdade na Turquia

Estamos publicando a seguir o vídeo e o texto do discurso de Ulaş Ateşçi, dirigente do Sosyalist Eşitlik Grubu (Grupo Socialista pela Igualdade) na Turquia, no Ato Online do Dia Internacional dos Trabalhadores realizado pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional em 3 de maio.

Discurso do Primeiro de Maio de 2025 proferido por Ulaş Ateşçi. Ative as legendas em português nas configurações do vídeo.

Em nome do Sosyalist Eşitlik Grubu (SEG - Grupo Socialista pela Igualdade) na Turquia, saúdo o Primeiro de Maio, o dia internacional de unidade, solidariedade e luta dos trabalhadores e da juventude mundial e envio nossas saudações revolucionárias.

Celebramos este Primeiro de Maio num contexto em que a construção de uma ditadura presidencial pelo governo do Presidente Recep Tayyip Erdoğan entrou numa nova fase. Mais de 90 pessoas foram detidas em suas casas em Istambul antes do Primeiro de Maio. No mês passado, Ekrem İmamoğlu, prefeito de Istambul do Partido Popular Republicano (CHP), foi preso, somando-se a inúmeros presos políticos, incluindo líderes do movimento curdo.

A detenção ilegal de İmamoğlu, cada vez mais à frente de Erdoğan nas pesquisas para as eleições presidenciais que precisam ocorrer até 2028, provocou protestos espontâneos massivos de jovens e trabalhadores pelo país.

Uma multidão protesta contra a detenção do prefeito Ekrem Imamoglu em frente ao prédio da Prefeitura Metropolitana de Istambul em 20 de março de 2025. [Photo by herkesicinCHP/X]

O potencial destes protestos em massa de desatar um movimento independente e revolucionário da classe trabalhadora assustou tanto o governo Erdoğan como os demais partidos do establishment capitalista, incluindo o CHP. Por isso o governo recorreu à repressão policial-estatal contra os protestos, enquanto o CHP fez tudo para encerrar o movimento e direcioná-lo às próximas eleições.

Tanto o desprezo pelos direitos democráticos básicos como a crescente luta social e radicalização dos trabalhadores e da juventude são fenômenos internacionais que resultam do aprofundamento da crise do sistema capitalista e da classe dominante.

O governo turco deu este passo antidemocrático após Donald Trump iniciar seu segundo mandato nos EUA. O governo Trump também está erguendo uma ditadura presidencial e enfrenta oposição crescente dos trabalhadores e da juventude.

Na Turquia e nos EUA, tal regime autoritário volta-se centralmente contra a classe trabalhadora, a única força social capaz de pôr fim ao domínio da classe capitalista, tomar o poder e estabelecer um regime genuinamente democrático.

Trump cumprimenta Erdogan após uma coletiva de imprensa no Salão Leste da Casa Branca, em Washington, em 13 de novembro de 2019. [AP Photo/Evan Vucci]

O SEG demanda a libertação imediata de todos os presos políticos, incluindo İmamoglu. Isto é parte de uma campanha global do CIQI, o movimento trotskista mundial que integramos, pela liberdade de todos os presos políticos, primeira e principalmente do socialista ucraniano Bogdan Syrotiuk.

Sem uma defesa de princípios dos direitos democráticos, os trabalhadores não podem promover seus interesses e o socialismo.

O mesmo se aplica à oposição de princípio à guerra imperialista. O genocídio dos palestinos em Gaza pelo Estado sionista de Israel segue por mais de um ano e meio. Este genocídio não poderia se manter sem o total apoio da OTAN, que a Turquia integra, a Israel. Essas potências imperialistas e sionistas estão numa escalada contra o Irã e preparando uma guerra que mergulhará toda a região em sangue. Elas visam o domínio imperialista total sobre o Oriente Médio, incluindo o Irã.

O SEG exige que a Turquia deixe a OTAN e rompa relações com Israel. As bases militares utilizadas a favor dos EUA e Israel devem ser fechadas e o transporte de petróleo do Azerbaijão a Israel deve parar. Tirem as mãos da Palestina, Irã, Iêmen e todo o Oriente Médio!

Isto significa lutar não só contra Erdoğan, que comanda o segundo maior exército da OTAN, mas contra todos os partidos pró-OTAN e pró-imperialistas, incluindo o CHP. Isso é parte da luta para unir a classe trabalhadora contra o imperialismo e o sionismo com um programa socialista revolucionário no Oriente Médio e internacionalmente.

A catástrofe da guerra em escalada há décadas no Oriente Médio resulta do sistema imperialista de Estados-nação e só acabará com ele. Os aliados dos trabalhadores turcos, curdos, árabes, persas, judeus e de outras nacionalidades nesta luta não são os regimes e movimentos nacionalistas burgueses, que integram o sistema capitalista e têm programas falidos, mas sim a classe trabalhadora americana, europeia e internacional. Nosso grito de guerra e objetivo é a Federação Socialista do Oriente Médio.

O sujeito desta luta é a classe trabalhadora, que começa a mobilizar-se desafiando as burocracias sindicais controladas pelos partidos capitalistas. O nascente movimento de greves selvagens na Turquia por melhores salários e condições de trabalho dignas deve se ligar às lutas dos trabalhadores em outros países que enfrentam os mesmos problemas e o mesmo inimigo de classe. A Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) dá meios para isso.

A luta pela melhora das condições dos trabalhadores e da juventude deve se desenvolver como parte da luta pela democracia e contra a guerra imperialista internacionalmente. Todas são essencialmente uma luta pelo socialismo contra o capitalismo, a batalha final entre um punhado de oligarcas especuladores e a classe trabalhadora, a maioria da população mundial.

Nos protestos de massas que eclodiram aqui em março, a crescente desigualdade social e desilusão com o futuro teve grande influência. O que faltava era uma perspectiva e direção revolucionária que soubesse como superar estes problemas sociais globais, fundamentalmente enraizados no sistema capitalista, e erguer uma sociedade baseada nas necessidades sociais e não no lucro.

Junto ao CIQI, o Sosyalist Eşitlik Grubu está avançando essa perspectiva e construindo essa direção baseada no papel objetivamente revolucionário da classe trabalhadora internacional. Nenhum problema social e político fundamental será resolvido sem expropriar a riqueza e o poder da classe capitalista. E, numa economia global integrada, tais soluções devem ser internacionais.

Os recentes terramotos em Istambul e na região do Mármara, que revelaram o perigo que ameaça milhões de pessoas, demonstraram a urgência deste programa. A riqueza adquirida pelos capitalistas através da exploração e especulação financeira deve ser expropriada. Essa riqueza social e os vastos recursos desperdiçados na guerra devem ser usados na resolução rápida de problemas sociais urgentes, especialmente habitação segura.

Pessoas acampam ao ar livre em Istambul em 24 de abril de 2025 depois que um terremoto sacudiu Istambul e outras áreas da Turquia. [AP Photo/ Khalil Hamra]

Esta transformação social massiva exige que a classe trabalhadora, que cria toda a riqueza e garante o funcionamento da economia mundial, tome o poder através da revolução socialista. É por isso que o SEG e seus partidos irmãos do CIQI que estão lutando em todo o mundo.

Neste Primeiro de Maio, apelo a todos nos assistindo para participar da construção do CIQI e do Sosyalist Eşitlik Partisi (Partido Socialista pela Igualdade) na Turquia e internacionalmente.

Romper com todos os partidos burgueses do establishment e com os partidos ditos de “esquerda” que insistem em apoiá-los!

Avançar na fundação do Partido Socialista pela Igualdade da Turquia!

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