Estamos publicando a seguir o vídeo e o texto do discurso de Jean Shaoul, membro do Comitê Nacional do Partido Socialista pela Igualdade (Reino Unido), no Ato Online do Dia Internacional dos Trabalhadores realizado pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional em 3 de maio.
Trabalhadores e jovens em todo o mundo têm assistirdo com horror e revolta crescentes ao maior crime do século XXI: o massacre por Israel dos palestinos indefesos em Gaza.
Israel lançou 70 mil toneladas de explosivos, o equivalente a seis bombas de Hiroshima, matando pelo menos 51 mil pessoas. 70% das mortes confirmadas foram de mulheres e crianças.
Este número não incluí as dezenas de milhares de pessoas enterradas sob os escombros ou que nunca chegaram ao hospital. Para cada morte confirmada, pesquisadores estimam que podem ter acontecido entre 3 e 15 mortes indiretas devido a doenças, enfermidades e falta de tratamento médico, medicamentos, alimentos e água potável. Ao todo, o número real provavelmente é superior a 200 mil.
Mais de 1,9 milhão de pessoas, ou 90% da população, foram deslocadas em Gaza. As infraestruturas pública e social estão em ruínas.
Este massacre em massa é uma política deliberada. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, invocou a história bíblica da destruição dos amalequitas [povo nômade mencionado no Antigo Testamento descrito como inimigo dos judeus]. O ex-ministro da Defesa Gallant referiu-se aos palestinos como “animais humanos”. O Ministro da Defesa Katz impôs um “bloqueio total a Gaza”, prometendo entregar apenas “destruição”. Israel criou uma agência governamental para a limpeza étnica de Gaza, tendo o plano de Trump como modelo.
Netanyahu tem o apoio de todas as potências imperialistas. Os Estados Unidos, primeiro sob Biden, e, agora, sob Trump, assumiram a liderança nessa ofensiva como parte dos seus planos para garantir o controle do Oriente Médio, rico em recursos energéticos, que agora ameaçam uma guerra total com o Irã. Eles não tolerarão nenhuma oposição aos seus crimes. Acusações mentirosas de “antissemitismo” são usadas para reprimir brutalmente protestos contra o genocídio e silenciar vozes dissidentes.
O regime sionista de Israel não é o único aliado do imperialismo no Oriente Médio. Os Estados árabes não fizeram nada para ajudar os palestinos enquanto trabalham com Washington para policiar as suas próprias populações, ampliar o comércio com Israel e, no caso do Egito e da Jordânia, atuar como a sua polícia fronteiriça.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, falou em nome de todos quando culpou o Hamas pelo massacre, denunciando-os como “filhos da puta” por não capitularem às exigências de Trump e Netanyahu.
O governo de Israel de racistas e fascistas, comprometido com uma Israel expansionista e com um regime de apartheid, não é uma aberração, como declaram os críticos “democráticos” de Netanyahu dentro de Israel. Estes críticos também apoiaram o ataque a Gaza. Esse processo é o resultado da repressão de décadas dos palestinos por Israel e das repetidas guerras contra os seus vizinhos.
Gaza representa uma condenação implacável de todo o projeto sionista. A fundação do Estado de Israel foi retratada como a resposta à perseguição nazista aos judeus que culminou no Holocausto. Supostamente, a fundação proporcionaria um porto seguro. Mas isso foi concretizado sob a forma de um Estado capitalista que despojou outro povo e foi mantido através da guerra e da repressão.
Israel desenvolveu-se em uma sociedade dilacerada por profundas desigualdade social e divisões, dominada por colonos de extrema-direita e fundamentalistas religiosos, com os árabes como cidadãos de segunda classe. O povo judeu, há muito tempo associado aos movimentos progressistas, sobretudo ao movimento socialista internacional, está hoje implicado na opressão brutal de todo um povo.
O Estado israelense não representa os interesses da classe trabalhadora judia, muito menos dos judeus mundialmente. Ele é o instrumento político de uma camarilha corrupta de criminosos multimilionários, que governam uma guarnição militar que policia a região em nome de Washington.
Milhões têm protestado e se saíram em defesa dos palestinos. Mas isso não terá sucesso através de apelos morais a qualquer potência imperialista ou governo capitalista. Deve haver uma virada para a classe trabalhadora e para os métodos e políticas da luta de classes.
Nas últimas semanas, os estivadores marroquinos têm boicotado os navios que abastecem Israel, no exemplo mais recente de uma ação classista. Os estivadores e trabalhadores dos aeroportos da Grécia, Bélgica, Espanha e Índia organizaram boicotes semelhantes.
Em Israel, aconteceram protestos de milhares de pessoas em Tel Aviv segurando fotos de reféns e crianças palestinas assassinadas, ecoando o apelo ouvido no Dia do Memorial do Holocausto: “Nunca mais significa nunca mais para ninguém!”
Existem as condições para acabar com as divisões nacionais entre os trabalhadores e desenvolver um movimento socialista de massas contra o genocídio e a guerra.
Mas isso significa romper com os apodrecidos partidos socialdemocratas, stalinistas e nacionalistas. Significa acabar com o domínio das burocracias sindicais sobre a classe trabalhadora. Mas, acima de tudo, significa construir uma nova liderança que assuma como seu próprio chamado a famosa máxima de Karl Marx: “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”