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A luta revolucionária e a unidade da classe trabalhadora internacional

Estamos publicando a seguir o vídeo e o texto do discurso proferido por Will Lehman, operário da Mack Trucks em Macungie, na Pensilvânia, e membro da Aliança Operária Internacional de Comitês de Base, no Ato Online do Dia Internacional dos Trabalhadores realizado pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional em 3 de maio.

Discurso do Primeiro de Maio de 2025 proferido por Will Lehman. Ative as legendas em português nas configurações do vídeo.

Meu nome é Will Lehman. Sou operário automotivo da Mack Trucks em Macungie, na Pensilvânia, e gostaria de enviar saudações revolucionárias dos trabalhadores dos Estados Unidos a todos os presentes neste ato internacional.

Os trabalhadores aqui enfrentam duras verdades. A desigualdade de renda é a maior da história. O custo de vida saiu completamente do controle. A exploração nas fábricas, armazéns, hospitais, escolas, portos e centros postais e de empacotamento só aumentou nos últimos anos.

Esse processo vem se desenvolvendo há décadas, tanto sob governos Democratas quanto Republicanos. Com a queda no apoio aos Democratas, o aspirante a Führer, Donald Trump, voltou à Casa Branca. No entanto, pesquisas mostram que as esperanças de que Trump resolveria a crise econômica caíram consideravelmente. Sua guerra comercial apenas piorou a situação dos trabalhadores nos EUA.

O presidente do sindicato UAW, Shawn Fain, passou meses se acomodando a Trump e apoiando suas tarifas nacionalistas. Não é novidade ver sindicalistas nos EUA promovendo o beco-sem-saída do nacionalismo. Os sindicatos fazem isso há décadas sem conseguir salvar nenhum emprego. O nacionalismo é veneno para os trabalhadores. Ele traz destruição de empregos, divisão entre nós e mais exploração, numa corrida ao fundo do poço.

Shawn Fain usando um moletom com o logotipo de um bombardeiro em uma transmissão ao vivo recente. [Photo by UAW]

O nacionalismo joga trabalhador contra trabalhador, desviando nossa atenção da verdadeira guerra: a guerra de classes, entre a oligarquia corporativa e a classe trabalhadora. Há anos, os burocratas sindicais ao redor do mundo dizem aos trabalhadores para aceitarem menos e “seguirem competitivos”, incutindo medo para proteger seus privilégios como servos das empresas. Eles traem a classe trabalhadora em cada acordo vendido, cada concessão forçada e cada vez que nos colocam contra nossos irmãos de outros países.

As tarifas apenas empobrecem ainda mais os trabalhadores internacionalmente, pois somos nós quem pagamos por elas. Já provocaram demissões na indústria automotiva dos EUA, incluindo na minha fábrica e em outras fornecedoras da Mack Trucks, com mais de 2 mil empregos perdidos. Levarão a mais demissões em escala global, conforme o preço dos carros sobe e a demanda cai, reduzindo a produção.

Mais importante ainda, a história nos mostra que guerras comerciais acabam levando a guerras de verdade. O verdadeiro objetivo das tarifas é garantir a produção militar suficiente para que os EUA possam travar uma guerra mundial, especialmente contra a China. Isso não começou com Trump, mas já acontecia sob Biden. Na minha fábrica, lembramos da visita de Biden em 2021, quando declarou que estávamos numa corrida com a China. Ele exigiu a fabricação de chipsets nos EUA como parte de um plano de infraestrutura. Eles pretendem usar esses chipsets na produção militar para a guerra contra a China, não em benefício dos trabalhadores dos EUA.

Democratas e Republicanos tentam nos dividir e nos forçar a competir contra nossos aliados de classe da poderosa classe operária chinesa, com quem partilhamos os mesmos interesses de classe. Assim como nos EUA, os trabalhadores chineses demonstram um imenso desejo de lutar, como vimos em greves recentes. Se quisermos vencer nossas lutas, não podemos estar separados de nossos colegas de outros países. Precisamos forjar laços que transcendam fronteiras.

Além disso, uma guerra com a China será um desastre sangrento para os trabalhadores forçados a combatê-la. Mais de 80 milhões morreram na Segunda Guerra Mundial. Uma Terceira Guerra Mundial, entre potências com armas nucleares, significaria a destruição da humanidade.

Porta-aviões classe Nimitz, USS Abraham Lincoln durante exercícios “Rim of the Pacific”, 28 de julho de 2022.

A mesma classe dominante que promove o nacionalismo ataca trabalhadores e estudantes imigrantes nos EUA. Esses ataques têm o objetivo de minar os direitos democráticos conquistados por lutas revolucionárias passadas. Os EUA são uma nação de imigrantes, e a maioria de nós tem raízes estrangeiras. Os imigrantes são usados como bodes expiatórios da crise econômica, para dividir a classe trabalhadora e abrir caminho a ataques ainda maiores – inclusive contra trabalhadores nascidos no país, que Trump chama de “homegrowns” e ameaça enviar a campos de concentração em El Salvador.

Os trabalhadores americanos devem recuperar a tradição do “mexeu com um, mexeu com todos”. Devemos lutar pelos nossos irmãos imigrantes e compreender que a batalha que temos pela frente só será vencida se defendermos os direitos democráticos de todos, independentemente do país de origem.

Devemos nos inspirar na história revolucionária dos EUA. Quando os “pais fundadores” entenderam que era impossível continuar sob a monarquia feudal, fizeram uma revolução que inspirou outras ao redor do mundo. Oitenta e sete anos depois, como disse Lincoln, uma segunda revolução, a Guerra Civil, levou à abolição da escravidão.

Soldados da União nas trincheiras, pouco antes da Segunda Batalha de Fredericksburg, em maio de 1863.

Hoje, a maioria dos trabalhadores americanos reconhece que não é possível seguir como antes. A prova está nas votações de greve nos últimos anos, que superaram os 90%. Em fevereiro, 99,5% dos operários da Rolls-Royce em Indiana votaram por greve. Nem um em cada cem foi contra a luta.

Mas precisamos de mais do que vontade de lutar, mais do que o reconhecimento de que as coisas não podem continuar do jeito que estão. Precisamos de uma perspectiva política baseada em nossos interesses de classe. Aqueles que compreendem isso devem dar um passo à frente e liderar esta luta, construindo a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base. Apelos às instituições existentes se mostraram inúteis. Precisamos de um movimento sob nosso controle, que leve adiante a luta contra a exploração capitalista, o nacionalismo e a guerra.

Nossos colegas de trabalho verão a necessidade dessa luta, mas cabe a nós liderá-la. O futuro da humanidade está em risco se não agirmos, e temos tudo a ganhar com as lutas que devemos liderar. Junte-se à Aliança Operária Internacional. Ajude a liderar essa luta. Obrigado.

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