Estamos publicando a seguir o vídeo e o texto foi proferido por Andrei Ritsky, representante da Jovem Guarda dos Bolcheviques-Leninistas da Rússia, no Ato Online do Dia Internacional dos Trabalhadores realizado pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional em 3 de maio.
Gostaria de estender minhas sinceras saudações e congratulações aos outros oradores e ouvintes reunidos aqui hoje.
Meu camarada, Bogdan Syrotiuk, foi preso alguns dias antes do ato do ano passado. Um ano depois, ele ainda está nas mãos do Serviço Secreto Ucraniano (SBU), que está tentando apresentá-lo falsamente como um agente do regime de Putin. Na realidade, o “crime” que o camarada Bogdan cometeu foi defender consistentemente os princípios marxistas, na tradição de Lenin e Trotsky. Com sua prisão, a luta por uma política independente da classe trabalhadora da Rússia e da Ucrânia contra os regimes de Zelensky e de Putin com base no internacionalismo socialista foi declarada uma “infração criminal” e “traição”.
Os verdadeiros criminosos são o regime de Zelensky e seus apoiadores imperialistas, que encobrem os crimes do fascismo ucraniano e reabilitam os criminosos nazistas. Eles estão enviando trabalhadores ucranianos para a morte no interesse do imperialismo ocidental e da oligarquia.
Mas a política do regime de Putin não é menos reacionária. Ela se baseia na ilusão utópica de que é possível fazer um acordo com o imperialismo. No entanto, qualquer acordo serviria apenas aos interesses da oligarquia e seria de caráter temporário. Não faria nada para afastar a ameaça existencial que a classe trabalhadora da antiga União Soviética enfrenta. Com suas políticas e propaganda nacionalista, o regime de Putin está fazendo o jogo do imperialismo e preparando uma catástrofe gigantesca.
Este ato coincide com os 80 anos da vitória soviética na guerra contra o nazismo. Essa vitória está sendo explorada pelo regime de Putin para dar à sua invasão reacionária da Ucrânia a aparência de uma luta progressista.
A defesa da União Soviética contra o fascismo teve um preço enorme para o povo soviético. De acordo com estimativas oficiais, a URSS perdeu cerca de 27 milhões de pessoas. Entre elas havia 14 milhões de civis e 9 milhões de soldados do Exército Vermelho que morreram em combate nas linhas de frente. 2 milhões morreram em cativeiro e em campos de extermínio; outros 2 milhões morreram na retaguarda de fome e doenças.
A isso se soma o enorme trauma psicológico e físico sofrido por aqueles que ficaram desabilitados, sobreviveram a campos de concentração e perderam parentes, entes queridos, amigos e companheiros.
Nada disso poderia ser esquecido. No cinema soviético, na música, na poesia, na pintura – em todos os lugares era possível encontrar reflexos do caminho das massas por meio de sua enorme luta heroica.
Hoje, o Kremlin está tentando explorar a memória profundamente enraizada da guerra para promover o nacionalismo e semear a confusão histórica.
O principal objetivo dessa avalanche de propaganda é obscurecer a distinção política entre a União Soviética e a Federação Russa. Mas apesar de sua localização geográfica e das gerações de pessoas que viveram em ambos os Estados, a URSS e a Federação Russa têm origens históricas e de classe totalmente diferentes.
A União Soviética foi fundada em dezembro de 1922 após a vitória na Guerra Civil, em que a classe trabalhadora, liderada pelos bolcheviques, defendeu os ganhos da Revolução de Outubro.
Ao expropriar a burguesia e estabelecer relações de propriedade nacionalizadas e uma economia planificada, os bolcheviques lançaram as bases socioeconômicas para uma sociedade socialista. Eles conscientemente associaram a construção do socialismo à vitória da revolução mundial. Mas esse programa marxista internacionalista foi traído pela burocracia stalinista que proclamou o programa reacionário de construir o “socialismo num só país” para defender seus próprios privilégios.
A degeneração burocrática do Estado soviético e do Partido Bolchevique culminou no massacre de gerações de revolucionários no Grande Terror. No entanto, a base elementar do Estado operário ainda foi mantida. E apesar do assassinato dos representantes mais notáveis do marxismo, uma consciência rudimentar das tradições da Revolução de Outubro ainda persistia entre as massas. Foram essas tradições que emergiram durante a guerra contra o nazismo e garantiram a vitória da União Soviética.
A Federação Russa surgiu da contrarrevolução stalinista contra as tradições e conquistas da Revolução de Outubro. A partir de 1985, a perestroika de Mikhail Gorbachev minou de forma conclusiva as bases do Estado operário degenerado. Em 1991, a burocracia liquidou a União Soviética. Dessa contrarrevolução surgiram os regimes oligárquicos de Yeltsin e depois de Putin. Com a guerra na Ucrânia, o regime de Putin não está defendendo o povo contra o imperialismo, mas a propriedade capitalista da oligarquia russa.
O único tributo honesto aos imensos sacrifícios das massas soviéticas na guerra contra o nazismo é dizer a verdade: Putin e a oligarquia russa são inimigos das tradições da guerra contra o nazismo. Eles são inimigos dos interesses da classe trabalhadora russa, ucraniana e internacional.
Hoje, a única maneira de lutar contra o imperialismo é lutar pela mobilização independente da classe trabalhadora russa, junto com a classe trabalhadora ucraniana e internacional, sob a bandeira da Revolução de Outubro.
- Não à guerra na Ucrânia!
- Unir as classes trabalhadoras russa e ucraniana!
- Contra o imperialismo e o nacionalismo burguês!
- Pelo renascimento das tradições da Revolução de Outubro!
- Liberdade a Bogdan Syrotiuk!
- Construir o Comitê Internacional da Quarta Internacional!