Estamos publicando a seguir o vídeo e o texto do discurso do Secretário Nacional do Partido Socialista pela Igualdade (EUA), Joseph Kishore, no Ato Online do Dia Internacional dos Trabalhadores realizado pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional em 3 de maio.
Este ato está sendo realizado em meio a uma extraordinária intensificação da crise mundial do capitalismo, com as classes dominantes se voltando para o fascismo, a ditadura e a guerra.
Em nenhum outro lugar esse desenvolvimento está mais avançado do que nos Estados Unidos. Cem dias após o início de seu segundo mandato, Donald Trump está tentando transformar a presidência americana em um instrumento ilimitado de ditadura.
Trump personifica a criminalidade do capitalismo americano, o casamento da oligarquia com a degradação cultural, a personificação do submundo político que agora governa a Casa Branca.
Apenas nos três primeiros meses de seu governo, Trump desafiou ordens judiciais, enviou agentes federais para sequestrar ilegalmente estudantes imigrantes, prendeu juízes, travou uma guerra contra a oposição política e declarou sua intenção de deportar cidadãos americanos para campos de concentração no exterior.
Cenas associadas às ditaduras mais brutais agora acontecem diariamente. Imigrantes deportados em massa sob a Lei de Inimigos Estrangeiros, incluindo Kilmar Abrego Garcia, um morador de Maryland separado de sua família e preso em El Salvador “por engano”; Rümeysa Öztürk, uma estudante da Universidade de Tufts detida na rua por agentes mascarados por escrever um artigo de opinião contra o genocídio em Gaza; Momodou Taal em Cornell forçado a deixar o país por desafiar as ordens executivas de Trump; e o portador de green card Mahmoud Khalil em Columbia, preso sem um mandado e enfrentando a deportação por suas opiniões políticas.
Um memorando do Secretário de Estado Marco Rubio declarou abertamente que Khalil deveria ser removido do país por suas “crenças passadas, atuais ou esperadas”. Isso é “crime de pensamento”, formulado pela primeira vez pelos nazistas e agora adotado pela Casa Branca de Trump.
Ao mesmo tempo, o governo Trump está intensificando as guerras globais do imperialismo americano – da continuação do genocídio em Gaza, agora em seus estágios finais da limpeza étnica, aos preparativos para a guerra contra o Irã, a China e outros países. A guerra comercial de Trump lançada sob a bandeira “Made in America” [Produzir nos EUA] é a frente econômica de uma campanha muito maior de dominação mundial.
Estamos testemunhando o realinhamento violento do Estado capitalista para corresponder ao caráter oligárquico da sociedade americana. Sob a direção de Elon Musk, o homem mais rico do mundo, o chamado Departamento de Eficiência Governamental está realizando a demissão em massa de funcionários federais e o desmantelamento de agências inteiras. Programas sociais, incluindo o Medicaid, o Medicare e a Previdência Social, estão sendo cortados. A ciência e a saúde públicas estão sob ataque implacável.
No ano passado, as 19 famílias mais ricas dos EUA aumentaram sua riqueza em US$ 1 trilhão. Esse valor é o suficiente para dar a cada trabalhador nos Estados Unidos um aumento de US$ 7.000. Ele poderia dobrar o orçamento da educação pública e acabar com a falta de moradia da noite para o dia. Em vez disso, esta vasta riqueza está sendo canalizada à guerra e campos de deportação, ao mercado de ações e aos bolsos dos ricos.
É necessário um novo caminho a seguir. A luta contra Trump só pode ser travada em oposição ao Partido Democrata, que tem ajudado Trump em cada passo do caminho. O governo Biden e sua agenda direitista de guerra e reação pavimentaram o caminho para a reeleição de Trump. Seu foco principal foi a escalada da guerra contra a Rússia na Ucrânia, enquanto em seu país presidia níveis históricos de desigualdade.
Foi Biden quem armou e financiou o genocídio do regime israelense em Gaza e o massacre de centenas de milhares de palestinos. Foi Biden quem começou a repressão em massa a estudantes que protestavam contra o genocídio. E foram os democratas que responderam ao ataque de Trump à Constituição não com resistência, mas com colaboração – dando as boas-vindas a Trump na Casa Branca após sua posse, prometendo cooperação, e garantindo o financiamento ininterrupto de seu regime.
Quanto a figuras como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, elas falam da oligarquia, mas não do capitalismo. Seu programa consiste na defesa da reforma do financiamento de campanhas, como se a classe dominante que está se voltando para a ditadura possa ser contida com ajustes nas bordas de um sistema social e econômico falido. Acima de tudo, eles querem convencer os trabalhadores e os jovens a manter a fé no Partido Democrata.
É impossível combater a oligarquia sem quebrar seu poder. E isso significa a expropriação dos bilionários – o confisco de suas riquezas e a reorganização socialista da sociedade segundo o interesse da classe trabalhadora. O que é necessário não são apelos morais ou manobras políticas dentro do aparato estatal, mas a mobilização da classe trabalhadora em uma massiva luta revolucionária.
E essa luta deve se basear no internacionalismo. Os trabalhadores nos Estados Unidos fazem parte da classe trabalhadora internacional, a força social mais poderosa do planeta. Em todo o mundo, existem as mesmas condições: pobreza em massa, guerra, ditadura. E, em todos os países, as classes dominantes estão tentando levar os trabalhadores a entrar em conflito uns com os outros.
Nos Estados Unidos, esse nacionalismo venenoso está sendo promovido pela burocracia sindical. Isso inclui aqueles que se apresentam ou são apresentados como “reformadores”, como o presidente do sindicato UAW, Shawn Fain, o mais fervoroso líder de torcida de Biden, que agora está apoiando abertamente as tarifas de Trump e está se preparando para arrastar trabalhadores para a máquina de guerra.
Há exatamente duas semanas, comemoramos os 250 anos das batalhas de Lexington e Concord, que inauguraram a Revolução Americana e a luta contra a monarquia britânica. Também comemoramos os 160 anos do assassinato de Abraham Lincoln, que liderou a Segunda Revolução Americana e levou adiante a abolição da escravidão por meio da expropriação dos proprietários de escravos.
A grande tarefa de nosso tempo é levar a cabo a Terceira Revolução Americana: a revolução socialista, como parte de uma revolução mundial – para derrubar a ditadura da oligarquia financeira, abolir o capitalismo e estabelecer um governo operário baseado na igualdade social e no controle democrático da vida econômica.
Para levar isso adiante, a classe trabalhadora precisa de seu próprio partido, armado com um programa, uma estratégia e as lições da história. Esse partido é o Partido Socialista pela Igualdade, que faz parte do Comitê Internacional da Quarta Internacional, o movimento trotskista mundial.
Junte-se ao Partido Socialista pela Igualdade! Lute pelo socialismo, pela igualdade e pelo futuro.
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